Bem Vindos ao Mundo Esportivo

Atencao idosos de plantão para as informações publicadas nesta página de cunho físico, educacional e comportamental, visando mostrar sempre o que ha de melhor em estudos e pesquisas sobre a importancia de uma vida saudavel .

sábado, 22 de junho de 2013

Alongar para não enferrujar


 Recentemente, os exercícios de alongamento passaram a ocupar também lugar de destaque nos programas de condicionamento. Muita gente deixou de achar perda de tempo “ficar esticando o corpo para frente, para trás e para os lados”. Os especialistas reconhecem que alongamento é uma das formas mais importantes de exercitar os músculos.
O alongamento é o caminho para aumentar a flexibilidade.
Já que a amplitude de movimentos é específica a cada parte do corpo, deve-se fazer um programa abrangente de exercícios de alongamento que inclua diferentes partes do corpo e, em especial, dar atenção para aqueles músculos que ficam mais encurtados.
O desenvolvimento e a manutenção de uma desejável amplitude de movimento – também conhecida como amplitude funcional, é fundamenta para a saúde e boa qualidade de vida.
Embora a flexibilidade do corpo seja em parte determinada por fatores hereditários, a amplitude articular dos movimentos pode ser aumentada e mantida por meio de uma programação regular exercícios de alongamento e de um trabalho com músculos que os leve a ciclos completos de flexão e extensão, no caso específico para o fortalecimento.
 
 
Há várias razões para adotar o alongamento. Vamos a elas!
1. É o caminho seguro para melhorar a flexibilidade, relacionada com a capacidade de movimentar as articulações livremente e sem dor com grande amplitude. Para isso, os músculos ao redor das articulações devem ser alongados sistematicamente.
2. Ajuda a manter ou melhorar a aparência física, assegurando boa postura. As costas ficam arredondadas e os ombros caídos para frente se os músculos do peito não são alongados regularmente. Da mesma forma, alongar os músculos da região lombar pode reduzir a tendência de aumentar a curvatura desse local.
3. Auxilia na realização de atividades diárias que requerem movimentos com diferentes amplitudes, como por exemplo, abaixar para pegar um objeto, amarrar o sapato (tênis), vestir-se com facilidade.
4. Ajuda a evitar lesões na prática esportiva: boa flexibilidade favorece a realização de movimentos que requerem amplitudes maiores decorrentes dos exercícios mais vigorosos, característicos dos esportes.
Para alongar-se corretamente, siga as orientações abaixo:
1. Use roupas confortáveis, que não prendam os movimentos.
2. Inicie com um bom aquecimento: realize movimentos suaves que utilizem vários músculos ao mesmo tempo, como caminhada ou jogging moderado no lugar, enquanto executa movimentos com os braços. Isso eleva a temperatura do corpo levemente e lubrifica as articulações, tornando a realização mais confortável.
3. Alongue até o ponto em que sentir que o músculo está tensionado. Então permaneça na posição de 20 a 30 segundos.
4. O exercício para cada grupo muscular deve ser repetido de 3 a 5 vezes, com intervalo de 30 segundos a 1 minuto.
5. Repita várias vezes por semana, se possível diariamente. Quanto maior a regularidade, mais rapidamente você vai evitar o encurtamento muscular.
6. Tenha paciência. Os seus músculos ficaram encurtados depois de muitos anos sem exercício. Por isso, levarão algum tempo para voltar a ter o alongamento normal.
7. Não vá até o ponto de dor: é sinal de que algo está errado. Provavelmente excedeu o limite do músculo, o que pode ser prejudicial. Com a prática, saberá a diferença entre a sensação de alongar e dor do excesso.
8. Não balance enquanto estiver alongando. Como geralmente são bruscos, os balanços podem causar dor e lesões nas fibras musculares.
Sugestão de Exercício de Alongamento: os músculos posteriores da coxa, pelo excesso de tempo na posição sentada, ficam encurtados – os joelhos flexionados durante muito tempo diminuem a sua extensibilidade e elasticidade. Recomendo realizar o alongamento sugerido pelo menos 3 vezes por semana.
Como alongar os músculos posteriores da coxa:
Em pé, perna esquerda apoiada sobre o step (ou cadeira, ou outra superfície de apoio), mãos apoiadas sobre a coxa, inspirar. Lentamente, flexionar o tronco alongando os músculos da parte posterior da coxa, expirar e manter a posição de 10 a 15 segundos. Realizar com a outra perna. Faça 3 repetições para cada perna.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS PARA IDOSOS


Quando se considera a prescrição de exercícios para indivíduos idosos, deve-se contemplar - a exemplo de outras faixas etárias - os diferentes componentes da aptidão física: condicionamento cardiorrespiratório, endurance e força musculares, composição corporal e flexibilidade. Essa abordagem assegura a manutenção da mobilidade e da agilidade, prolongando a independência do idoso e melhorando sua qualidade de vida.
Um programa de AF para o idoso deve estar dirigido para quebrar o ciclo vicioso do envelhecimento melhorando sua condição aeróbica e diminuindo os efeitos deletérios do sedentarismo. Deve maximizar o contato social, reduzindo a ansiedade e a depressão, comuns nessa faixa etária.
A exemplo de outras intervenções médicas, a AF regular deve obedecer a alguns fundamentos, para assegurar a melhor relação risco/benefício. As principais variáveis a serem observadas para a prescrição são: modalidade, duração, frequência, intensidade e modo de progressão. Entretanto, é importante enfatizar que o planejamento dos exercícios deve ser individualizado, levando em consideração os resultados da avaliação pré-participação e as co-morbidades presentes.
A escolha da modalidade de exercício deve valorizar acima de tudo as preferências pessoais e possibilidades do idoso. Após a avaliação pré-participação, uma ou mais modalidades podem ser contra-indicadas em decorrência de doenças encontradas no indivíduo. O lazer e socialização devem integrar um programa bem-sucedido. Para que tal ocorra, as atividades devem ser, sempre que possível, em grupo e variadas.
Até alguns anos atrás, a recomendação para a prescrição de exercícios predominantemente aeróbicos era de que fossem realizados três a cinco vezes por semana, com duração de 20 a 30 minutos, com intensidade de leve a moderada. Alternativamente a essa prescrição formal, podem-se acumular 2.000kcal ou mais de gasto energético semanal, o que reduz de forma expressiva a mortalidade geral e cardiovascular. Esse gasto energético pode ser atingido tanto através de atividades programadas (por exemplo: caminhar, nadar, pedalar, hidroginástica), como também através de atividades do cotidiano e de lazer, como subir escadas, cuidar de afazeres domésticos, cuidar do jardim, dançar, etc.
Evidências mais recentes sugerem que atividades de intensidade acima de 4,5 equivalentes metabólicos (METs) proporcionam redução adicional da mortalidade geral e cardiovascular da ordem de aproximadamente 10%. Dessa forma, sair da inatividade já traz consideráveis benefícios à saúde; entretanto, para aqueles que já praticam AF regularmente, incrementos de intensidade são capazes de gerar benefícios ainda maiores.
Entretanto, em alguns indivíduos idosos, sua baixa capacidade funcional não permite a prescrição de exercícios da forma ideal. É, portanto, necessária uma fase inicial de adaptação, na qual a intensidade e a duração serão determinadas em níveis abaixo dos ideais.
A AF deve ser iniciada por uma fase de aquecimento, exercícios de alongamento e de mobilidade articular, além da atividade principal em menor intensidade. O aquecimento é uma fase importante, pois diminui os riscos de lesões e aumenta o fluxo sanguíneo para a musculatura esquelética. A redução progressiva da intensidade do exercício é igualmente importante, por prevenir a hipotensão pós-esforço. Esses efeitos podem ser exacerbados nos idosos, pois estes apresentam mecanismos de ajustes hemodinâmicos mais lentos e frequentemente utilizam medicamentos de ação cardiovascular.
A intensidade da fase aeróbica pode ser determinada através do percentual do consumo máximo de oxigênio (O2 máx) ou da frequência cardíaca máxima (FCmáx) efetivamente estabelecidos em um teste ergométrico ou estimados através de fórmulas. O uso de medicamentos de ação cardiovascular pode alterar a relação entre FC e intensidade de esforço; nesse caso, pode-se utilizar a escala de percepção subjetiva do esforço (escala de Borg), uma excelente alternativa para qualquer indivíduo. Geralmente, é recomendada uma intensidade moderada, como 40 a 75% do O2 máx ou 55 a 85% da FC máxima, o que corresponde em geral à escala de Borg de 3 a 5 ou de 12 a 13, conforme a escala preferida (0-10 ou 6-20, respectivamente). Deve-se observar que sessões com intensidade alta podem estar associadas a um maior risco de desistência, devido a desconforto muscular, especialmente nas fases iniciais de um programa de exercícios.
A duração da atividade varia de 30 a 90 minutos, guardando relação inversa com a intensidade. Os chamados "idosos frágeis" e indivíduos em fase inicial do programa de exercícios podem beneficiar-se de sessões de curta duração (cinco a dez minutos) realizadas em dois ou mais períodos ao dia.
Idealmente, deve-se praticar exercícios na maioria - se possível em todos - dos dias da semana. Dessa forma, mais provavelmente pode-se atingir o gasto energético necessário para obtenção dos benefícios para a saúde.
Na fase inicial de um programa é importante dar segurança, educando quanto aos princípios do exercício e estimulando a automonitorização. É importante fazer com que o hábito do exercício se transforme em algo tão natural como, por exemplo, cuidar da própria higiene.
Para o treinamento da força e da endurance musculares, devem-se trabalhar os grandes grupos musculares. Duas a três séries de seis a 12 repetições aumentam tanto a força quanto a endurance musculares. Propõe-se a realização de duas a três vezes por semana, utilizando uma intensidade equivalente a aproximadamente 60% de uma repetição máxima.
Exercícios de alongamento devem ser realizados sem movimentos balísticos, com movimentos graduais até o ponto de ligeiro desconforto, e devem acompanhar as sessões de exercícios aeróbicos e de força. É necessário maior cuidado na execução dos movimentos, para minimizar o risco de lesões.
A segurança é primordial, não só do ponto de vista cardiovascular, mas também em relação ao aparelho locomotor. É importante considerar sua menor capacidade de adaptação a extremos de temperatura e maior dificuldade de regulação hídrica. Devemos orientar quanto ao vestuário e calçados, estimular a hidratação durante a atividade e assegurar ambientes ventilados, bem iluminados e com pisos antiderrapantes.
Finalmente, a AF deve ser incentivada e estimulada para indivíduos idosos, inclusive através de iniciativas do poder público e/ou privado, como já existente em várias cidades do Brasil, visto se constituir em excelente instrumento de promoção da saúde. Não existe nenhum segmento da população que obtenha mais benefícios com a AF do que os idosos.
 

EFEITOS DA ATIVIDADE FÍSICA NOS IDOSOS


A prática da AF é recomendada para manter e/ou melhorar a densidade mineral óssea e prevenir a perda de massa óssea. A AF regular exerce efeito positivo na preservação da massa óssea; entretanto, ele não deve ser considerado como um substituto da terapia de reposição hormonal. A associação entre tratamento medicamentoso e AF é uma excelente maneira de prevenir fraturas.
A AF regular melhora a força, a massa muscular e a flexibilidade articular, notadamente, em indivíduos acima de 50 anos. A treinabilidade do idoso (a capacidade de adaptação fisiológica ao exercício) não difere da de indivíduos mais jovens.
A AF se constitui em um excelente instrumento de saúde em qualquer faixa etária, em especial no idoso, induzindo várias adaptações fisiológicas e psicológicas, tais como:
-aumento do O2 máx
-maiores benefícios circulatórios periféricos
-aumento da massa muscular
-melhor controle da glicemia
-melhora do perfil lipídico
-redução do peso corporal
-melhor controle da pressão arterial de repouso
-melhora da função pulmonar
-melhora do equilíbrio e da marcha
-menor dependência para realização de atividades diárias
-melhora da auto-estima e da autoconfiança
-significativa melhora da qualidade de vida
A AF regular diminui a incidência de quedas, o risco de fraturas e a mortalidade em portadores de doença de Parkinson. Para maior benefício, a AF nesses pacientes deve incluir treinamento de equilíbrio, caminhadas e exercícios de força.
A AF tem sido preconizada, também, para outras doenças neurológicas, como esclerose múltipla e doença de Alzheimer.
A AF regular nos idosos - particularmente os exercícios nos quais se sustenta o próprio peso e exercícios de força - promove maior fixação de cálcio nos ossos, auxiliando na prevenção e no tratamento da osteoporose. Aumenta ainda a força e a endurance musculares, o equilíbrio e a flexibilidade, com a conseqüente diminuição da incidência de quedas, fraturas e suas complicações. Os idosos portadores de osteoartrose também podem e devem praticar AF regular, desde que adaptada à sua condição.
AF = Atividade física

quarta-feira, 12 de junho de 2013

MUSCULAÇÃO PARA A SAÚDE E REABILITAÇÃO

 

Musculação é um termo que se refere à prática dos exercícios resistidos, geralmente realizados com pesos. Atualmente são reconhecidos efeitos da musculação promotores de saúde geral superiores a outras formas de exercícios. Os músculos esqueléticos são hoje considerados órgãos endócrinos: ao serem ativados produzem substâncias chamadas miocinas. Estas substâncias combatem o estado inflamatório basal característico do sedentarismo e que está implicado na origem das doenças cardiovasculares, diabetes do tipo 2, câncer do colon e das mamas, entre outras situações patológicas.
A atividade física é o mais importante fator para evitar mortes por todas as causas e a explicação parece ser a produção de miocinas pelos músculos. A musculação tem sido identificada como o exercício mais eficaz para diminuir o estado inflamatório basal do organismo. Outros efeitos dos exercícios com pesos são conhecidos há mais tempo. Nenhum tipo de exercício é superior à musculação para os objetivos de fortalecimento dos músculos, tendões e ossos. Com isso consegue-se o importante efeito de proteção e alívio das articulações, saudáveis ou doentes. Por outro lado, na musculação os exercícios são facilmente adaptáveis para a presença de doenças ou lesões, permitindo a seleção adequada das posições, dos movimentos e do grau de esforço. A musculação pode ser mais suave do que caminhar e é ferramenta clássica da fisioterapia. Importantes efeitos terapêuticos têm sido documentados em relação a doenças de diversas naturezas como é o caso das artroses, artrites, desgastes dos discos intervertebrais, tendinites, instabilidades articulares, osteoporose, obesidade, hipertensão arterial, diabetes, entre outras. Embora seja muito utilizada no treinamento esportivo a musculação também está sendo muito preconizada para idosos, com as devidas adaptações, porque consegue reverter rapidamente e com segurança muitos dos efeitos indesejáveis do envelhecimento sedentário.

terça-feira, 11 de junho de 2013

Atividade física aumenta qualidade de vida do idoso

 
Atividade física aumenta qualidade de vida do idoso
Benefícios são para o corpo e a mente. Prática de exercícios aliada à alimentação saudável melhoram saúde e bem-estar
A prática de atividade física não está associada somente a uma questão de estética ou aparência. Ela impacta diretamente na prevenção a doenças crônicas precoces, principalmente entre os idosos. Em todo o país, estão surgindo propostas que visam melhorar a qualidade de vida destes brasileiros.
“Fazer exercícios traz benefícios para o corpo e a saúde”, afirma a coordenadora do Programa Nacional de Hipertensão do Ministério da Saúde, Rosa Sampaio. Segundo ele, a atividade física protege o organismo contra uma série de enfermidades crônicas. “Muitos acham que os exercícios só previnem doenças cardiovasculares; mas, existem outras doenças que podem ser protegidas com a atividade física. Ela protege as artérias e os vasos sanguíneos, aumenta a queima de calorias e melhora a tonicidade dos músculos e das articulações”, acrescenta Sampaio.
Em Santa Catarina foi firmada, recentemente, uma parceria entre a Secretaria Municipal de Saúde de Blumenau e a Fundação do Bem-Estar da Família Blumenauense, que prevê a realização de oficinas de saúde para os idosos. Além de atividades físicas – como a hidroginástica – estão previstas aulas de artesanato, dança e luta marcial.
O secretário de Saúde de Blumenau, Marcelo Lanzarin, ressalta que esse trabalho faz bem não apenas para o corpo, mas também para o espírito dos idosos. “Estas oficinas promovem uma integração maior entre eles. Muitos tinham o hábito de ficar somente em casa e, hoje, tem a oportunidade de conviver com pessoas da mesma idade e trocar experiências. Isso acaba promovendo não só a saúde física como também, a mental”, destaca Lanzarin.
ACADEMIAS DA SAÚDE – O Ministério da Saúde tem incentivado o aumento da qualidade de vida e da saúde dos brasileiros por meio de ações que incentivem uma alimentação saudável somada à prática de atividade física, em todas as idades. O Plano de Ações de Enfrentamento às Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs) prevê a implantação, até 2014, de quatro mil pólos do Programa Academia da Saúde, em todo o país.
O Plano também prevê medidas como a criação de espaços específicos para a realização de práticas corporais, atividades físicas, lazer e de modos de vida saudáveis. A exemplo de programas já desenvolvidos em algumas capitais, a Academia da Saúde busca eliminar barreiras como a inexistência de espaços públicos de lazer, o que reduz a possibilidade de acesso à prática de exercícios por grande parte da população.

OS PRINCIPAIS BENEFÍCIOS DA MUSCULAÇÃO PARA OS IDOSOS?

Aumenta a autonomia funcional das pessoas.
Permite retomar algumas atividades que já tinham sido abandonadas.
Em muitos casos complementa ou substitui a ação de medicamentos.
Fortalece os músculos e diminui a pressão sobre as articulações.
Ajuda na prevenção de muitas enfermidades como hipertensão arterial, diabetes mellitus, obesidade.
Melhora a auto-estima ao inserir ou reinserir a pessoa em novas atividades.

domingo, 9 de junho de 2013

Exercícios físicos atenuam sintomas de Parkinson e Alzheimer

 

Novos pesquisas mostram que atividades físicas são fundamentais para reduzir a gravidade dessas doenças neurodegenerativas

Imagens de ligações de neurônios do cérebro podem prever o quão inteligente você é, diz estudo
Doenças neurodegeneativas, como Parkinson e Alzheimer, podem ser atenuadas com atividade física   (Kiyoshi Takahase Segundo/Getty Images/iStockphoto)
Duas pesquisas apresentadas no encontro anual da Sociedade de Radiologia da América do Norte, que acontece até esta sexta-feira em Chicago, nos Estados Unidos, revelaram de que forma um estilo de vida saudável, especialmente com a prática frequente de atividade física, pode surtir efeitos positivos sobre doenças neurodegenerativas. Segundo os trabalhos, exercitar-se atenua os sintomas de doenças como a de Alzheimer e a de Parkinson e, assim, melhora a qualidade de vida das pessoas que sofrem de alguma dessas condições.

Saiba mais

ALZHEIMER
A demência é causada por uma variedade de doenças no cérebro que afetam a memória, o pensamento, o comportamento e a habilidade de realizar atividades cotidianas. O Alzheimer é a causa mais comum de demência e corresponde a cerca de 70% dos casos. Os sintomas mais comuns são: perda de memória, confusão, irritabilidade e agressividade, alterações de humor e falhas de linguagem.
DOENÇA DE PARKINSON
A doença degenerativa e progressiva do sistema nervoso tem uma evolução lenta e costuma aparecer entre os 50 e 79 anos. Ela é caracterizada por tremores nos músculos quando eles estão em repouso, lentidão nos movimentos voluntários e rigidez. Estima-se que a doença afete cerca de 1 em cada 100 pessoas com mais de 65 anos. As causas do Parkinson ainda são desconhecidas e seu tratamento é feito com o uso de medicamentos. A progressão da doença, no entanto, ainda é inevitável.
Uma das pesquisas, desenvolvida na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, acompanhou, por 20 anos, 876 idosos com mais de 78 anos de idade. Os autores descobriram que um estilo de vida ativo, com a prática regular de exercícios aeróbicos, está associado a um maior volume da massa cinzenta do cérebro, inclusive entre pacientes com comprometimento cognitivo leve ou Alzheimer. Essa região cerebral está envolvida na cognição e o seu encolhimento é associado a piores quadros de doenças mentais. Portanto, concluíram os autores, o exercício, principalmente aqueles que promovem um maior gasto de energia, pode reduzir a gravidade da demência.
O segundo estudo foi feito na Clínica Cleveland, nos Estados Unidos. O trabalho revelou que os exercícios também podem ser fundamentais para uma pessoa que sofre da doença de Parkinson. De acordo com os resultados dessa nova pesquisa, andar de bicicleta, um exercício que promove grande oxigenação do cérebro, melhora a comunicação entre diferentes regiões cerebrais e atenua os sintomas dessa condição, que incluem tremores, lentidão de movimentos e rigidez muscular. Além disso, mostraram os pesquisadores, quanto mais intensa for essa atividade — ou seja, quanto mais rápida a pedalada — maior o benefício. Eles chegaram a essa conclusão após observar o efeito desse exercício em 26 pacientes com idade entre 30 e 75 anos que sofriam da doença de Parkinson.
Os autores de ambos os estudos se mostraram entusiasmados com os resultados, mas destacaram a importância de novas pesquisas para aprofundar os achados. Os pesquisadores responsáveis pelo estudo sobre a doença de Parkinson querem saber, por exemplo, se outras atividades além de andar de bicicleta, como natação, também são capazes de surtir o mesmo efeito positivo.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

O envelhecimento da população brasileira e seus desafios


Até a pouco, em termos demográficos, o adjetivo “jovem” vinha quase que automaticamente conjugado com o que se denominava de  “Terceiro Mundo”. E Terceiro Mundo vinha associado à subdesenvolvimento. Subdesenvolvimento, por sua vez,  trazia à tona  outra expressão carregada de negativismo e até ameaças: “explosão demográfica”. Já o que se denominava de “Primeiro Mundo” vinha conjugado com equilíbrio populacional e até com “cabelos brancos” como símbolos de maturidade e de progresso. Assim sendo, deste confronto entre Primeiro e Terceiro Mundos, parecia emergir uma conclusão lógica e premente: para resolver seus problemas sócio-econômicos e políticos o Terceiro Mundo deveria ser subsidiado para assumir o mais rapidamente possível os pressupostos ideológicos que estariam dando certo no Primeiro Mundo. Desenvolvimento só seria viável com controle da natalidade.    
Pelo rápido crescimento demográfico e  seus problemas  sócio-econômicos e políticos o Brasil se enquadrava perfeitamente no estereótipo terceiromundista. Com isso se apresentava como campo propício para a implantação de uma política que na prática equivalia à uma freada busca no crescimento da população. Os fatos demonstram que já a partir da década de 1960, sobretudo com a implantação do que se denominou de Aliança para o Progresso,  tanto a ideologia quanto as práticas contraceptivas passaram a ser patrocinadas, assimiladas e rigorosamente executadas. Os resultados não se fizeram esperar. Desaparecem as famílias numerosas e se dá uma redução drástica no número de filhos.
Com esse quadro de fundo se compreende que  nações até há pouco denominadas “jovens”, entre as quais se destaca o Brasil, já não podem mais ostentar esse pomposo adjetivo sem que sejam feitas  algumas importantes distinções.  Ao mesmo tempo em que  cresce a pressão dos jovens para ocupar seu lugar na sociedade, cresce também o número de pessoas idosas que se sentem descartadas não só do mercado de trabalho, mas da própria sociedade. À insegurança sentida pelos jovens no que se refere ao seu futuro, corresponde a insegurança das pessoas que ultrapassam a idade produtiva. Essa nova configuração  levanta logo uma série de questionamentos, seja na linha de identificação dos fatores que a provocaram e a continuam mantendo, seja na linha  dos desafios e medidas que se colocam com premência em relação ao presente e ao futuro não muito distante.   Toda essa problemática tem profunda incidência de cunho ético e pastoral.

I) Demografia: uma realidade complexa e diversificada

De uma maneira ou de outra questões demográficas acompanham a história das sociedades organizadas. Ora a preocupação aponta para o excesso, ora para a escassez de habitantes. Na medida em que a demografia se transforma em ciência, a questão demográfica vai   manifestando um grande número de fisionomias diferentes, de acordo com as diversas coordenadas históricas e culturais. Afinal os idosos são sujeitos do seu tempo. São vistos e se vêem de acordo com o imaginário social ( Ricardo de Azevedo, in Idosos no Brasil. Vivências, desafios e expectativas na terceira idade, SESCSP , Editora Fundação Perseu Abramo. São Paulo 2007, 11-12). Há mesmo quem, com propriedade, fale de “construção social da velhice” ( Edmundo de Drummond Alves Junior, Aspectos sociodemográficos de um país que envelhece: o exemplo brasileiro, in Envelhecimento de vida saudável,  Apicuri, RJ, 2009, 16s). Dessa forma o que  se evidencia com sempre maior clareza é que a questão demográfica não pode ser enunciada apenas no singular, uma vez que carrega consigo muitas questões conexas.
Essas questões conexas se conjugam com palavras muito significativas como: trabalho, emprego-desemprego, infra-estrutura, saúde, educação, violência, estabilidade ou  instabilidade  sociais, segurança ou insegurança, e assim por diante. Ademais, se no século XX a tônica parecia apontar mais para a administração de altas taxas da natalidade sobretudo nos países e regiões mais pobres, o século XXI traz consigo outro aspecto nem sempre devidamente contemplado ao menos no contexto da nações emergentes: o do rápido e expressivo envelhecimento da população.
E esse novo componente demográfico levanta logo algumas questões fundamentais no  sentido de se discernir entre  o que há em comum e o que há de original na nossa realidade brasileira; os fatores que determinam essa originalidade;  os desafios daí decorrentes para que a longevidade não seja vista como peso e ameaça, mas como dom e riqueza para o verdadeiro progresso humano. Um paralelo entre nações consideradas desenvolvidas e nações emergentes, ajudará a compreender melhor nossa originalidade com seus desafios específicos. A tudo isso subjazem naturalmente questões éticas e pastorais.

1) Nações desenvolvidas: envelhecimento mais lento e mais amparado
Apesar do fenômeno da globalização que há muito vai se configurando e a cada dia se acentuando mais, é quase impossível avaliar de maneira mais precisa qualquer aspecto da sociedade. Pois sempre são encontradas muitas variáveis. Assim também ocorre com o processo de envelhecimento. Tomando como exemplo a denominada Europa Central, as grandes guerras do século passado simplesmente ceifaram a juventude. E o próprio processo de reconstrução levou a uma cautela em relação ao número de filhos. A isso naturalmente se devem acrescentar fatores culturais, crescente tendência ao secularismo, ao consumismo e ao hedonismo, tendências mais acentuadas justamente  nas nações mais ricas.
Mesmo tendo-se muito presentes as variáveis, não se pode deixar de anotar ao menos  três  constantes complementares no que se refere à população do denominado Primeiro Mundo. A primeira se refere ao fato de o processo de envelhecimento haver sido relativamente lento; a segunda é a de que todas essas nações investiram e continuam investindo muito  em estruturas que favorecem a qualidade de vida das pessoas de idade; a terceira é a de que, de uma forma ou de outra, praticamente todas essas nações sentem o crescente peso do envelhecimento da população nativa. Neste particular muitas  dessas nações já caíram abaixo da simples taxa de reposição e outras se encontram muito próximas disso.  Daí a necessidade de importar mão de obra para manter a máquina produtiva em atividade, sobretudo no que se refere aos trabalhos considerados “sujos” . E o que é mais
As conseqüências disso há muito se evidenciam em vários países, sobretudo nos da denominada Europa Central. Não apenas os imigrantes e seus descendentes se tornam cada dia mais numerosos, como passam a ser considerados como um problema de segurança nacional.  Daí a contradição entre os ideais da União Européia, por exemplo, de derrubar fronteiras, e a realidade de estrangeiros serem empurrados para a ilegalidade e como tais serem perseguidos e deportados. Em vez de uma política de integração o que se percebe, ao menos em algumas nações, é uma política de exclusão truculenta, nos moldes de outros períodos da história dos quais todos nos envergonhamos. Justamente a região do mundo que parecia mais próxima  de encarnar os sonhos da derrubada de todas as fronteiras, dá mostras de regressão inesperada.

2) Características da realidade brasileira: freada brusca
Considerando-se que o envelhecimento da população é uma realidade constatada num grande número de nações de hoje, não é surpreendente que ele venha se colocando com sempre maior intensidade como desafio  também  no Brasil ( R.C.S. Oliveira, Terceira idade: do repensar dos limites aos sonhos possíveis. São Paulo, Paulinas, 1999, pp. 17 e 129)Dadas as melhorias em vários aspectos da realidade brasileira também não surpreendem os fatos da queda do índice de mortalidade infantil e o aumento da longevidade. Só  que a compreensão da nossa realidade  demanda atenção para um traço original e decisivo: a freada brusca no índice de natalidade que se encontra na raiz de uma mudança  rápida e problemática no quadro populacional.  Ainda que, por serem abordados por outros conferencistas, dados não sejam o objeto direto no  presente estudo, a busca de uma compreensão mais adequada da situação, e sobretudo a possibilidade de se evidenciar mais claramente onde se encontram os maiores desafios e como enfrentá-los, pede ao menos alguns leves acenos para alguns dados.
Sabidamente não há unanimidade quando se tenta definir quem são as pessoas idosas. Enquanto em algumas nações se estabelece como parâmetro 60 anos, em outras a linha divisória é estabelecida pelos 65. E a crescente longevidade, com seus desafios,  sobretudo na linha previdenciária,  faz com que já se pense em elevar ainda mais a data limite. Enquanto para alguns estudiosos é preciso distinguir entre os denominados idosos “jovens” e a partir dos 80 anos os idosos “idosos”, aos poucos se evidencia que o segmento populacional denominado de idoso apresenta uma acentuada heterogeneidade resultante seja de condições pessoais seja de condições sociais, que por sua vez podem ser desdobradas numa multiplicidade de aspectos diferentes.
Mas seguramente ao se tratar do envelhecimento no contexto brasileiro o que logo chama a atenção é a brusca freada que se fez sentir sobretudo a partir da década de 1960.  Se em 1940 os maiores de 60 anos não  representavam mais do que 4% da nossa população, já em 1996 eles representavam 8% e hoje ultrapassam os 12%, devendo até 2020 alcançar os 15%. A taxa de fecundidade total ( TFT) por sua vez,  passou dos 5.8 de 1970 para 2.3 no ano 2.000 e hoje, de acordo com o IBGE, ela estaria em 1.8 . Disso se deduz  que  já foi superada a taxa de reposição populacional, com toda a problemática dali resultante em termos de equilíbrio social. Ademais um comparativo entre crianças e maiores de 65 anos nos revela que para   100 crianças de 0 a 14 se devem contar 172,7 mais idosos. A cada ano somam-se à população brasileira nada menos do que 700 mil pessoas acima dos 65 anos. E as projeções para o futuro indicam que em 2050 essas pessoas seriam aproximadamente 50 milhões, perfazendo nada menos do que 25% do total da população. Desses nada menos do que 6.7% terão ultrapassado a faixa dos 80 anos. ( Envelhecimento e vida saudável, Vida e tempo, Organização Edmundo de Drumond Alves Junior, Apicuri, 2009, 24).  Em contraposição, no lugar das atuais quase 50 milhões de crianças, em 2050 teríamos apenas  28 milhões (  Problemas Brasileiros. Em ritmo de envelhecimento.  Encarte limite da sustentabilidade, Washington Novaes,  1-7). Em outros termos, já não há como negar a presença sempre mais acentuada de pessoas idosas no Brasil. Como veremos mais adiante esse fato revela  ganhos, mas também grandes desafios.
3) Planejamento familiar não se confunde com controle imposto da natalidade .
Que o planejamento familiar  tenha se imposto como uma necessidade não há dúvidas. A própria Igreja católica que em outros contextos incentivava as famílias numerosas há muito apregoa o planejamento familiar e demográfico, desde que sejam realmente responsáveis. Pois não apenas as famílias, como também as sociedades apresentam limites que, em nome da responsabilidade pessoal e social, não devem ser ultrapassados. Esses limites apontam na direção dos recursos necessários para garantir condições básicas em vista de uma vida digna. Muitas dessas condições há muito fazem parte de uma lista conhecida. Basta lembrar a alimentação, a habitação,  higiene e assim por diante. Outras condições para que se possa falar em qualidade de vida foram surgindo em decorrência  do próprio desenvolvimento. Fica sempre mais evidente que para a realização das pessoas e das sociedades não bastam as condições mínimas acima lembradas. As exigências vão se alargando no sentido do nível de educação escolar, do aprimoramento profissional, da acessibilidade às comunicações e  muitas outras exigências 
Os questionamentos de cunho ético, com reflexos econômicos e sociais,   emergem das motivações de fundo e dos métodos que se contrapõem à  humanização das pessoas e das sociedades. Uma coisa é planejamento que os casais e as sociedades julgam dever assumir diante das exigências sempre maiores decorrentes das novas condições históricas em que vivem. Outra é ser forçado por uma ideologia anti natalista e por outras formas de pressão, como se a abertura para a vida representasse uma ameaça para seu bem estar e até mesmo o da nação. Ora o que ocorreu no Brasil e em outros países até há pouco considerados “jovens”, e que hoje se deparam com um alto índice de pessoas idosas sem condições estruturais adequadas para acolhê-las,  não foi fruto de um processo de amadurecimento. Essa situação desconfortável resulta de uma freada brusca imposta por forças externas que não apenas foram implantando uma mentalidade contraceptiva, mas até oferecendo todo tipo de contraceptivos.
Uma análise objetiva do que ocorreu no Brasil coloca em ressalto que entre os métodos apregoados e assimilados destacam-se a esterilização e o aborto. No primeiro caso, o que é mais preocupante é o fato de a eventual esterilização não ser decorrência de indicação médica no sentido estrito da palavra, mas o método considerado mais eficaz e mais acertado para todas as idades. No segundo caso, o do aborto, a estratégia teve um primeiro momento impulsionado pelas mais diversas justificativas de cunho ideológico. O resultado se faz sentir nos presumíveis 1 milhão de abortamentos provocados por ano.  Como se isso não fosse suficiente, agora encontra-se em andamento o segundo momento: o da liberação pura e simples, expediente que para muitos se confundirá com  justificativa ética. Ora todos esses processos representam altos custos não apenas em termos estritamente éticos, como também em termos de equilíbrio demográfico, e conseqüentemente de equilíbrio social. Assim se evidencia que a batalha contra o aborto não é uma bandeira da Igreja católica: é uma decorrência lógica para quem analisa a questão populacional com lucidez, e muito mais para quem apregoa os direitos humanos como salvaguarda da segurança de todos.

II) Fatores determinantes no processo de envelhecimento

Já vimos que hoje, com razão, se distinguem os idosos “jovens” dos idosos, “idosos”. Ou seja, além da idade cronológica é preciso ter presentes as várias etapas e as diferentes circunstâncias que marcam a vida das pessoas de mais idade. Na busca de uma melhor compreensão dos fatores determinantes, ainda que sabidamente todos eles habitualmente atuem de forma conjugada, talvez convenha sinalizar alguns que se colocam com maior evidência e outros que nem sempre são devidamente avaliados. No tocante aos primeiros bastam alguns acenos. No que se refere aos segundos convém fazer algumas distinções e considerações um pouco mais desenvolvidas.
Entre os fatores em maior evidência em nossos dias se coloca naturalmente o patrimônio genético. Embora haja uma forte tendência para o reducionismo, no sentido de remeter ganhos e perdas automaticamente e quase que exclusivamente para a genética, não há como negar sua influência na provável longevidade. E naturalmente junto com os fatores genéticos não podem ser negados os fatores biológicos, que, de uma maneira ou de outra vão imprimindo suas marcas físicas e psíquicas mais ou menos acentuadas.
Tão ou mais importantes do que os fatores assinalados, são aqueles que nem sempre são devidamente avaliados, e que no entanto exercem um peso importante na configuração de uma velhice bem, ou então mal sucedida. Entre esses fatores sobressaem alguns de cunho pessoal, na linha da psicologia e da afetividade, e outros de cunho mais social e na linha das denominadas políticas públicas. De qualquer forma, uma adequada abordagem  da velhice exige que se supere uma compreensão homogênea de uma fase da vida que como todas as outras carrega consigo as marcas de uma grande heterogeneidade. Daí a conveniência de acenar para as diferentes expressões dos rostos das pessoas de idade.
1) As diferentes expressões no rosto  dos idosos
A originalidade do processo de envelhecimento da população brasileira  não se manifesta apenas por coordenadas histórico-culturais, nem somente pela freada brusca da natalidade. Uma análise serena que propicie uma serena busca de superação dos problemas não pode esquecer muitos outros fatores que remetem para a história das pessoas, naturalmente sempre entendidas dentro de um contexto sócio-político e cultural. Concretamente isso significa que a história pessoal, com sua multiplicidade de variáveis, pode ser marcada de maneira predominante por emoções e afetos positivos ou negativos. O cultivo de emoções positivas propicia um mais alto grau de auto estima. Essa contribui para que as pessoas se sintam impelidas a comportamentos saudáveis, que por sua vez vão impulsionar um envelhecimento mais bem sucedido. Entre os fatores pessoais não podem igualmente ser esquecidas as convicções religiosas e o maior ou menor cultivo da espiritualidade. A abertura à transcendência e as relações saudáveis com Deus e com o próximo, com certeza asseguram um envelhecimento bem sucedido, ainda que nem sempre livre de provações e contradições. Pois é a espiritualidade que vai propiciar o encontro com um sentido de vida, indispensável para uma vida saudável, justamente quando se acentua a perda da força física e eventualmente também das forças psíquicas ( A. Grün. A sublime arte de envelhecer, Vozes 2007). Daqui decorre a urgência de uma pastoral muito mais atenta para que a idade não seja compreendida como decadência, mas como matu-ridade. Ou seja: à luz de uma espiritualidade verdadeira a conjugação da longevidade com  qualidade de vida abre-se um vasto campo de atuação pastoral, com repercussão sobre a vida social.
As diferentes expressões no rosto das pessoas de idade por si só já nos convidam a fazermos uma distinção básica entre dois grandes grupos. De alguma forma podemos dizer que doenças ou debilidades físicas, bem como desânimo e dependência física são para a maioria o principal sinal de que a velhice chegou ( Gustavo Venturi e Vilma Bockany, A velhice no Brasil: contrastes entre o vivido e o imaginado, in Idosos no Brasil..., 25 e 26). Como também são características comuns a centralidade dos problemas de saúde (Anita Líberalesso Néri, Atitudes e preconceitos em relação à velhice, Idosos no Brasil... 19   ). Mas as diferentes expressões no rosto das pessoas de idade por si só já nos convidam a fazermos uma distinção básica entre dois grandes grupos.   O primeiro é constituído pelos que envelhecem sendo um peso para si próprios, seu círculo familiar e para a sociedade. O segundo grupo é constituído pelos que se enquadram dentro do que se poderia denominar de envelhecimento bem sucedido. No primeiro caso nos encontramos diante de pessoas cujo rosto expressa amargura e o corpo todo expressa dor e fracasso. No segundo nos deparamos com pessoas que cheias de ânimo, mesmo em meio a eventuais limitações de toda ordem. O que as caracteriza é a ausência de doenças ou o menor risco de contraí-las; funcionalidade física e mental; engajamento social; autonomia e independência; vontade de viver e se comunicar. Com razão se diz que entre as pessoas idosas muitas não temem tanto a morte quanto a dependência, a perda da dignidade, a solidão e o sofrimento que pode anteceder à morte.
Claro que a tentativa de enquadrar as pessoas num ou no outro grupo é sempre precária e por vezes até arbitrária. Mas essa tentativa se torna útil na medida em que  levanta a questão sobre as causas do êxito ou do fracasso. Acima já deixamos entender que há inegáveis aspectos da história pessoal que sempre devem ser levados em consideração. Umas carregam consigo traumas de etapas anteriores da vida; outras, ao contrário, são sustentadas na velhice pelos frutos colhidos ao longo da vida. Umas pessoas preparam uma velhice bem sucedida, e outras preparam uma velhice sofrida para si e para as pessoas que as cercam. Na avaliação entre êxito e fracasso nunca se pode perder de vista que os vários estágios da vida se entrelaçam e se reforçam uns aos outros, tanto num sentido negativo, quanto positivo. Mas também não se pode negligenciar o peso do fator econômico e o da presença ou ausência de políticas públicas adequadas.
2) O peso do fator econômico
O que dissemos sobre os fatores ligados à história pessoal, facilmente cairia na abstração, se não se levar em consideração os aspectos econômicos. A economia não somente movimenta a vida social e política, como também movimenta a vida das pessoas, sejam consideradas em sua individualidade, sejam consideradas em suas relações no círculo familiar e no circulo social. Ao se falar de um substrato econômico como indispensável para a realização pessoal, naturalmente não se está sugerindo o volume dos bens pressupostos. Há pessoas e grupos que se realizam com muito pouco, e há  quem, embora sendo extremamente poderoso de um ponto de vista econômico financeiro, é  frustrado não só ao longo da vida que normalmente se denomina de “útil”, como também e sobretudo no processo de envelhecimento. Pois é nesse processo que as pessoas passam a perceber mais nitidamente que o dinheiro não é tudo. O fraquejar das forças físicas e psíquicas vai coincidindo com um crescente processo de solidão de quem não conseguiu se firmar pelo cultivo de outros valores, que não podem ser comprados.
Entretanto, uma vez feitas essas ressalvas, não há como negar a necessidade de um substrato mínimo  para a realização humana. E isso se faz tanto mais notável quanto mais mergulhamos num mundo onde a economia, juntamente com necessidades reais, se especializa na criação de necessidades artificiais. Abundância ou carência de recursos materiais vai significar maior ou menor acessibilidade aos recursos alimentares, habitacionais, condições propícias ou não para a mobilidade, para investimentos culturais e para o lazer. Tudo isso pode parecer supérfluo e de fato era mais ou menos supérfluo até a  revolução industrial, com a conseqüente urbanização e tudo o mais que daí decorre. Num contexto agrário não só as necessidades básicas eram mais facilmente garantidas, mas também a família, no sentido extensivo da palavra, preenchia outras necessidades, sobretudo no sentido de relacionamentos e de lazer. E aqui não se pode esquecer de ressaltar a importância de uma concepção cristã da vida, da família e da própria morte: por si só ela assegurava todo um clima diferente em relação às pessoas de idade. A perda da dimensão religiosa tem muito a ver com a carência sentida em todos os campos quando se trata de pessoas consideradas não produtivas.
Mas quando se fala da importância dos recursos econômicos para garantir um envelhecimento com qualidade de vida, se tem em vista sobretudo um outro aspecto, que é o decorrente das limitações e doenças próprias de pessoas de mais idade. Recursos econômico-financeiros significam sobretudo acesso aos mais sofisticados expedientes para prever, prevenir e eventualmente debelar um grande número de doenças. A geriatria não apenas vai conquistando maior espaço no campo da medicina, como se encontra estreitamente vinculada ao poder aquisitivo das pessoas. Procedimentos terapêuticos mais sofisticados e medicamentos próprios para a terceira idade são sempre os mais onerosos. Como são onerosos os custos que decorrem do auxílio de profissionais  para acompanhar quem já não tem auto suficiência. Por isso tudo se compreende que a qualidade de vida das pessoas idosas tem muito a ver com a classe social à qual pertencem, e mais diretamente com o poder aquisitivo. Enquanto uns dispõem de  todos os recursos necessários, outros são o retrato de uma carência total. Embora que haja pessoas com parcos recursos que possam ter vida longa, sem condições econômicas mínimas, dificilmente essa vida será marcada pela qualidade sonhada.
3) O peso das estruturas e das políticas sociais
Ainda que não possam ser negligenciados os dados da história pessoal e os fatores econômicos,  é forçoso reconhecer que êxito e sucesso pessoais remetem também para estruturas políticas  e sociais que favorecem ou dificultam a vida das pessoas e das famílias. E é nesta altura que se percebe a grande diferença entre o envelhecimento em países e regiões que oferecem infra-estrutura adequadas, e outros países e regiões marcados por estruturas inadequadas. Em se tratando do Brasil não se pode deixar de reconhecer a existência das duas realidades simultâneas. Por um lado foram criadas instituições que, teoricamente garantiriam a todos a tão sonhada qualidade de vida. Afinal temos um Plano de Ação Governamental para o desenvolvimento da Política Nacional do Idoso, que prevê atendimento asilar; centros de convivência; casas-lar; oficinas abrigada de trabalho; Universidade aberta para a terceira idade; grupos de convivência; centros de cuidados diurnos; atendimento domiciliar; cuidadores de idosos.... Belos projetos teóricos. Por outro, são palpáveis as deficiências. No Brasil não faltam disposições legais para garantir condições de um envelhecimento saudável. Além do que determinam a Constituição e seus desdobramentos, merece destaque o Estatuto do Idoso. Existe mesmo um Plano Nacional Integrado, para conjugar os vários organismos e as múltiplas instituições. Conselhos Estaduais e Municipais devem zelar para que todo esse complexo institucional  cumpra a missão para a qual foi criado. Entretanto, como em outros campos, também nesse a realidade fica bem longe do que se deveria esperar. Há uma série de carências que não podem passar desapercebidas.
Teoricamente talvez se poderia distinguir entre carências estruturais, mais dificilmente superadas, e outras conjunturais, que poderiam ser supridas num curto espaço de tempo. As estruturais remeteriam para fatores histórico – culturais associados aos caóticos processos de urbanização, que resultaram em grandes e pequenas cidades mas nunca propriamente planejadas. E mesmo as que eventualmente foram planejadas, há muito ultrapassaram os limites previstos. De qualquer forma poucas apresentam condições aceitáveis de saneamento básico, de transportes e de áreas de lazer. E no que diz respeito à população de mais idade a tudo isso vem se somar a falta de acessibilidade, no sentido mais amplo da palavra: urbanístico, arquitetônico, de comunicação, e mormente de transporte. Para uma pessoa de idade, mesmo que não seja portadora de necessidades especiais, subir uma escada, atravessar uma rua ou tomar um transporte coletivo é quase sempre uma aventura perigosa.  Os riscos de atropelamentos e de quedas parecem mais acentuados do que os mecanismos de amparo para facilitar a locomoção.
No tocante à saúde propriamente dita, ao lado de um notável déficit de políticas adequadas, o que se constata a olhos vistos são espaços físicos inadequados, que se conjugam com profissionais mal preparados, em decorrência  da multiplicação de Instituições de ensino precárias sob todos os aspectos. Até mesmo o pomposo título de “Doutor”, associado à uma profissão historicamente equiparada ao “sacerdócio”, hoje pouco significa. De alguma forma as deficiências estruturais remetem para uma história onde questões de saúde dependiam mais da Casas de Misericórdia, normalmente sustentadas por instituições religiosas, do que do empenho do Poder Público. A questão não se localiza propriamente na carência de verbas: ela se localiza muito mais numa burocracia que, conjugada à corrupção, faz com que esses recursos poucas vezes cheguem ao seu destino. E com isso os denominados “lares para idosos” já no seu aspecto externo acompanham os “postos de saúde”, onde espaços inadequados se conjugam com um déficit acentuado e permanente do material mais necessário para um bom atendimento.
                 
III) Em busca de um envelhecimento bem sucedido

Sabidamente todas as fases da vida conhecem um período de transição, muitas vezes ressentido como “crítico”, pelo fato de as pessoas se sentirem mais vulneráveis. Em cada fase há uma série de “ritos”. Nas fases anteriores esses ritos normalmente vêm carregados de positividade: é um caminho que se abre, para a adolescência.... para a vida adulta.... Já no caso de velhice, os “ritos” em geral acenam na direção contrária, como sendo das despedidas e  o começo do fim. Poderíamos dizer que nessa etapa o processo crítico apresenta ao menos três riscos: o da perda identidade, o perda da autonomia e o da perda do sentido de pertença ( R.C.S. Terceira idade... pp. 24,105/6; CF 2003,60-61).  No primeiro caso, a questão se torna mais premente na medida em que as pessoas deixam suas funções sociais, para se depararem consigo próprias, despojadas de títulos, condecorações e funções, nuas diante do espelho de sua vida. No segundo caso a questão encontra-se intimamente ligada a certas circunstâncias resultantes de doenças ou de acidentes, que impedem a administração da sua vida e isso até nos atos mais simples do dia a dia. Com isso se vai também o sentido de pertença.
Por mais importante que seja o confrontar-se consigo próprio, a partir dos três ângulos acima sinalizados, é preciso deixar claro que isso não basta. As pessoas de idade, individualmente consideradas ou em grupos, vão se defrontar com algumas barreiras. A primeira delas é a dos preconceitos de cunho mais sócio cultural, mas que de uma forma ou de outra também se disseminam no  círculo familiar ( Anita Líberalesso Néri, Atitudes e preconceitos em relação à velhice, Idosos no Brasil... 15s. Esses preconceitos, por sua vez tendem a minar a auto imagem tanto das pessoas, quanto dos grupos sociais.  Uma imagem normalmente utilizada no contexto de quem perdeu seu companheiro ou sua companheira de vida pode ser aplicado nesse contexto mais amplo: a sensação do “leito vazio”. Quanto mais alguém avança em idade, mais vê reduzido o círculo de amizade e de atuação.
Mas há ainda outro aspecto a ser considerado: é aquele que remete para as estruturas familiares e sociais, que facilmente transformam preconceitos nas mais variadas formas de violência: física, psicológica, social. Esses vários tipos de violência vão como que empurrando as pessoas de idade para o canto ou até eliminando-as na sua identidade mais profunda. Só se poderá esperar um envelhecimento bem sucedido se as pessoas de idade, seja como pessoas, seja sobretudo como grupo social, se posicionarem devidamente  exigindo seus direitos.  Esse talvez seja o aspecto mais penoso e mais decisivo, pois, por vezes, impõe uma postura “guerreira”, quando os objetivos não são alcançados pelos meios convencionais. A passividade certamente se constitui numa virtude quando se trata da defesa e promoção de direitos fundamentais. Neste contexto é preciso reconhecer que não poucas vezes uma falsa espiritualidade contribuiu para o aumento da passividade e que uma pastoral para a terceira idade terá grande peso na reversão desse quadro.
1) A sublime arte de envelhecer ( Anselm Grün, A sublime arte de envelhecer, Vozes, 2007)
Claro que, de acordo com as coordenadas histórico – culturais, a velhice já foi pintada de muitas maneiras diferentes ao longo dos tempos. Embora não se possa idealizar nem o passado, nem o mundo agrário, com certeza há uma notável diferença daqueles contextos em relação aos que se seguiram à revolução industrial, urbanização e processo de secularização. Nos primeiros contextos sobressaía a velhice como processo “natural”, quando não como manifestação das bênçãos divinas. Já a ideologia decorrente da revolução industrial ressaltou a negatividade, uma vez que velhice passava a ser sinônimo de não produtividade e até de custos sociais. Em nossos dias, quando os mitos da “eterna juventude” carregam consigo uma espécie de endeusamento da “estética”,  os riscos de insucesso parecem provir de duas direções ao mesmo tempo: a da futilidade   e a da decepção  pela impossibilidade de acompanhar a onda do rejuvenecimento permanente.
De qualquer forma, cada uma das fases da vida representa  um forçoso e por vezes penoso processo de aprendizado. A criança tem que aprendem a manifestar suas necessidades, a andar, a falar, a se comunicar. A começar da expulsão do seio materno, cada passo em frente pode representar o risco de uma queda ou de um passo atrás. Da mesma forma, o advento da adolescência obriga a pessoa a se defrontar com as transformações profundas que vão ocorrendo no seu corpo, na sua mente, nos seus sentimentos. Por isso mesmo também a adolescência força a pessoa a colocar-se como homem, ou como mulher, como pessoa capaz de superar uma série de barreiras. Ao que tudo indica, respeitados os traços próprios de cada pessoa e de cada história, a entrada progressiva para a velhice se apresenta como a mais desafiante. Isso por que enquanto nas fases anteriores tudo aponta para um futuro cheio de sonhos, a velhice aponta para um presente onde o futuro se torna cada vez mais próximo e os sonhos cada vez menos fascinantes. A sensação básica de quem avança em idade é a de que na sua frente se encontra um muro, cada vez mais próximo  e que deve ser ultrapassado, sem que se saiba exatamente o que se vai encontrar do outro lado.
É neste contexto que se evidencia que a longevidade bem sucedida não acontece por acaso, mas que deve ser construída passo a passo em todos os sentidos: no sentido  físico, no sentido intelectual, no sentido dos hábitos e costumes, e sobretudo no sentido espiritual. A palavra chave e quase que mágica para percorrer a última etapa da vida é exatamente essa: “ sentido”. Só será capaz de se preparar devidamente quem encontra um sentido último para seu viver, e por que não, um sentido último também para o seu morrer. Em compensação, na medida em que as pessoas encontram esse sentido em todas as direções, mesmo em meio a eventuais limites que vão se impondo com o tempo, a velhice passa a ser vivida como um período tão ou mais promissor do que os períodos anteriores, e até com certas vantagens. Significativamente a Bíblia, que apresenta uma visão realista da velhice, ressaltando tanto aspectos negativos quanto positivos, ressalta a velhice como a oportunidade de se chegar à sabedoria. Se  vida for comparada com uma montanha, a criança se encontra no sopé, e por isso seu horizonte é muito pequeno; o adolescente e o adulto, vão subindo degrau por degrau, com a possibilidade de descortinar horizontes mais amplos. Mas são as pessoas de idade as que chegam ao cimo da montanha, de onde podem ser descortinadas as mais belas paisagens. E é isso que se pode denominar de felicidade, que não tem idade ( B. TONETO, Idoso, com muito prazer: felicidade não tem idade. São Paulo, Salesiana, 2002). E nessa mesma compreensão se pode até considerar a velhice não mais como um simples processo, mas como uma meta. Isso naturalmente revoluciona toda uma compreensão anterior e negativa da velhice. Ela passa a ser vista como o melhor período pra o cultivo de si mesmo, de sua alma e de seus sentimentos ( Marcelo Santana Ferreira, Reflexões sobre o processo de envelhecimento a partir de Michel Foucould, in Envelhecimento e vida saudável, 16s). Isso se evidencia ainda mais à luz da fé, quando a morte, embora quase sempre penosa, não emerge como uma tragédia, mas como passagem para outra vida em plenitude.
2) Os dolorosos ritos de passagem para a velhice
De alguma forma já acenamos acima para os “ritos” de passagem, que simultaneamente carregam consigo a dor do abandono de uma fase e a alegria do descortinar uma nova paisagem. Depois de havermos ressaltado os ângulos positivos, agora chegou o momento de iluminarmos a insegurança e eventuais dores resultantes dos novos desafios que se apresentam na velhice. Esses desafios são tão profundos e tão difusos que há fale em uma “verdadeira conspiração contra a velhice” ( R.C.S Oliveira, Terceira idade: do repensar dos limites aos sonhos possíveis., São Paulo , Paulinas 1999,  71-80 Três palavras resumem esses desafios quase que inerentes à condição de ser pessoa de mais idade: preconceitos, violências, autodestruição. De alguma forma podemos afirmar que são os preconceitos que se encontram na raiz das várias formas de violência e na eclosão de mecanismos de auto destruição.  Além daqueles que as pessoas têm que enfrentar por sua raça, sua situação econômica, sua fisionomia, sua estatura, há uma série de estereótipos sobre as pessoas de idade, que facilmente se transformam numa pedra de tropeço. Esses preconceitos são tantos e tão pouco consistentes que basta simplesmente elencar alguns deles: velhice seria um processo cronológico progressivo e universal de decadência; desinteresse pelo presente e pelo futuro; senilidade; enfermidade; deteriorização da inteligência; incapacidade de novos aprendizados; tendência ao isolamento, ou relações limitadas a outras pessoas de idade; peso para a sociedade; morte próxima ( CF 2003, pp. 17ss.). A urbanização, industrialização com os avanços da tecnologia científica e da informática parecem estar reforçando ainda mais a distância das gerações: até crianças pequenas sabem mais do que pessoas de idade, e isso sob os mais diversos assuntos ( Maria Eliane Catunda de Siqueira, Velhice e políticas públicas, in Idosos no Brasil..., 212; Sara Nigri Goldman, Envelhecimento e exclusão digital: uma questão de política pública, in Envelhecimento e vida saudável, 297ss). Entre todos esses preconceitos um merece maior atenção por se constituir num pressuposto totalmente falso e por isso mesmo causador de mágoas profundas: a improdutividade. Pessoas de idade seriam um peso para si, para a família e para a sociedade. Ora, justamente no quadro brasileiro um grande número de famílias vive do salário dos aposentados. Isso sem esquecer que são numerosas as famílias monoparentais, ou seja, mantidas por um dos cônjuges, e muitas vezes justamente os de mais idade. Não se pode esquecer ainda a feme
nelização da velhice: não só as mulheres têm vida mais longa, mas parecem mais produtivas e são o sustentáculo de filhos e netos.
A segunda vertente da dor vem estabelecida pelas múltiplas formas de violência que se volta de modo particular contra as pessoas de idade. Essas deixaram de ser vistas como guardiões de valores, mestres em trabalhos manuais,  e conselheiros sábios para momentos difíceis, seja a nível familiar, seja a nível social ( James Hillman. A força do caráter e a poética de uma vida longa, Objetiva, 1999, 33s). Antes passam a ser uma espécie de saco de pancadas, sofrendo todo tipo de violências. E por incrível que pareça, um primeiro foco se aninha onde menos se esperaria: no seio da própria família. Para uma melhor compreensão dos mecanismos próprios da violência ter presente uma distinção entre a física, estrutural e simbólica ( CF2009, p. 47- 48). Numa conjugação pérfida círculo familiar e social vão se reforçando mutuamente. A violência familiar não procede apenas de eventuais conflitos, oriundos de causas múltiplas, como também por um processo de  exclusão, que vai colocando “os velhos” de lado. Essa exclusão é por vezes sutil, mas nem por isso menos dolorosa, no sentido de as pessoas de idade irem se sentido inúteis e vistas como um peso para a família e para a sociedade. A violência que remete mais diretamente para a sociedade aponta naturalmente para uma infra estrutura já sinalizada acima. Basta lembrar as condições dos postos de saúde e o funcionamento da assistência social.  Contudo, neste contexto convém destacar aqui a denominada violência simbólica. “ Esse tipo de violência é menos perceptível no meio social, mas nem por isso seus efeitos são menos nocivos. A ação acontece por coação através da força de símbolos, situações, constrangimento, ameaças; pela exploração de fatos ou de situações; pela negação de informações ou de um bem de necessidade imediata ou irrevogável; por chantagens e pela cultura do medo... pela humilhação” ( CF 2009, p. 48). Para completar o quadro de violência de cunho institucional convém lembrar as condições de funcionamento de um grande número de clínicas e asilos, onde com freqüência se conjugam péssimas condições físicas, incompetência profissional e abandono familiar. É notável nesses ambientes o que se poderia denominar de “infantilização”. Muitas pessoas que desempenharam funções mais ou menos importantes na sociedade, se vêem constrangidas a seguir uma rotina despersonalizante, onde elas não passam de um número a mais, aguardando apenas a hora da morte.
Quando se têm presentes esses e outros elementos que compõem o panorama dominante quando se trata de pessoas idosas, se compreende melhor o porque tantas delas passam a vivenciar um processo cada vez mais intenso de auto- destruição. Esse processo parece ter início no campo da linguagem. Enquanto a criança vai assimilando a linguagem dos adultos e com isso vai sendo acolhida num círculo cada vez mais amplo, os mais velhos são conduzidos ao processo inverso: “... são excluídos do enriquecimento semântico das palavras e, logo, sentem-se desambientados e pressionados a perder o sentido da linguagem, instrumento indispensável para o desenvolvimento das funções mentais superiores” ( Agostinho Both, Gerontologia, educação e longividade, Editora Imperial, Passo Fundo, 2001, 66). Esse processo não remete apenas para as marcas dos anos que vão se estampando nas fisionomias, como remete sobretudo para marcas psíquicas e espirituais. De uma forma ou de outra a pessoa, já fragilizada seja pelos anos, seja pelas enfermidades e limitações próprias da idade, passa a assimilar uma imagem que originariamente não era a sua. É a imagem que vai sendo esculpida  ora pelo círculo familiar, ora pelos asilos, ora pelo círculo social. O desaparecimento progressivo dos amigos e a falta de amparo carinhoso por parte das pessoas com as quais se vêem obrigadas a conviver, as pessoas de idade facilmente vão entrando num processo depressivo. Claro que ao falarmos em depressão iremos  nos deparar com muitos quadros diferentes. Entretanto, não raro as formas mais profundas vão semeando no coração dessas pessoas o desejo de morrer, quando não a tentação do suicídio.
3) Abrindo caminho para uma nova realidade
Como observamos desde a introdução, ainda que nunca e em nenhum contexto seja fácil conjugar envelhecimento e qualidade de vida, convém ter presente a originalidade do nosso quadro brasileiro. Enquanto em várias nações a consciência do fato levou à políticas sociais que amparam as pessoas de idade, no Brasil ainda nos encontramos longe disso. E é por essa razão que abrir caminho para uma nova realidade se torna um imperativo primordial para as próprias pessoas, para o círculo familiar e para a sociedade no seu todo. Para isso acontecer vão se impondo certas exigências, que talvez possam ser resumidas na palavra “estimulação”.. Existem vários ângulos a serem considerados quando se fala de estimulação. Devemos ressaltar ao menos três: o nível físico, o nível intelectual, e o nível psíquico-afetivo e espiritual. Aqui não vem ao caso descrever o que pode ser feito em cada um desses ângulos. Basta ter presente que se trata de exercitar, instigar, animar, encorajar as pessoas idosas para, de acordo com os limites de sua condição pessoal incrementar ainda mais aquilo que eventualmente já vinha executando em fases anteriores. Ademais a toda uma série de atividades que conjugam realização e prazer e que encontram nessa altura da vida um espaço mais propício. Esse é o caso, por exemplo da arteterapia ( Ligia Diniz, O alcance da arteterapia aplicado em projetos sociais, in  Envelhecimento e vida saudável, 285s; Sara Paín, Os fundamentos da arteterapia, Vozes, Petrópolis 2009).
Entretanto, para que isso tudo seja possível, antes de mais nada a própria pessoa deve ter consciência de que jovem e velho não são termos antagônicos, mas simplesmente fases diferentes da vida. De alguma forma se pode dizer que ser jovem é uma questão de postura ( Hermógenes de Andrade Filho, Saúde na terceira idade. Ser jovem é uma questão de postura, Editora Nova Era, 1996. Reio de Janeiro). Por essa razão, embora a pessoa idosa tenha que aceitar as limitações próprias da idade ou de sua condição resultante de algum acidente, ela deverá, antes de mais nada cultivar a certeza de que para uma pessoa normal a idade em si mesma não altera a personalidade. O que pode decorrer da idade é uma maior ou menor flexão de características já anteriormente existentes. E ainda mais: até mesmo em se tratando de perdas, em geral elas podem ser compensadas através dos mais diversos exercícios. Assim, por exemplo, em se tratando da perda da memória ela pode abrir caminho para uma maior racionalidade e maior pragmático. O importante é buscar manter-se sempre atualizado, e na medida do possível abrir até novas frentes de exercícios intelectuais.  Da mesma forma, se tomarmos como referência o aspecto afetivo: as emoções, a idade pode dar novos coloridos, o que não significa anular a capacidade de amar e de criar novos laços. Da mesma forma, quando nos voltamos para o ângulo espiritual nos deparamos com uma oportunidade ímpar de crescimento no amor a Deus e no amor ao próximo. Uma comparação pode ajudar a entender esse aspecto do crescimento. A vida é como uma montanha. A criança se encontra no sopé, o que lhe possibilita uma percepção bastante limitada da realidade; o adolescente vai percebendo um alargamento de horizontes; quando mais vivemos mais vamos subindo os degraus da montanha. Ora, quem chega a uma idade mais avançada, encontra-se no alto da montanha, o que possibilita a vista de um horizonte mais amplo ( CF. 2003, pp. 65ss).
Nessa altura  a pessoa de idade normalmente irá se defrontar com questões que remetem para a espiritualidade e se constituem num convite para o cultivo de uma série de virtudes mais facilmente encontradas nessa etapa da vida ( Anselm Grün, A sublime arte de envelhecer, Vozes 2007, 79s) . Na exata medida em que uma pessoa normal vai envelhecendo, vão se colocando questões de maior profundidade sobre seu futuro. Questões que se referem de imediato sobre onde e como iremos viver a última fase da vida. Mas as questões mais prementes vão na direção do sentido do sofrimento, da vida, e naturalmente da morte. É nesta altura, quando já não há como negar as limitações, que os desafios são maiores, no sentido de uma compreensão mais profunda  da realidade. E com isso se abre a perspectiva da sabedoria, com razão muitas vezes associada à idade mais avançada, ao menos em certas civilização mais antigas e em certas religiões. Neste contexto convém lembrar o “Conselho dos anciãos”, existente no antigo Israel e em muitos povos orientais e povos indígenas. Aliás, esse é o sentido original do “Senado”: os senadores deveriam ser pessoas experientes para enfrentar momentos e problemas mais complexos da sociedade. A sabedoria de quem sabe aproveitar o envelhecimento vai fazer com que haja uma reavaliação de tudo, inclusive da própria vida. E na medida em que a sabedoria vai sendo cultivada, a própria morte deixa de ser entendida como algo de apavorante, para ser entendida como uma nova etapa da vida ( SCHOTSMANS, P., A vida como plenitude: contribuição dos idosos para uma civilização digna do homem. Concilium 235 (1991), 326-339)

Conclusão:

Quando se trata das condições dos envelhecidos no Brasil, não se pode fugir a uma dupla constatação. A primeira é que, por fatores múltiplos, o número dos que atingem uma idade mais avançada é expressivo e tende a ser ainda maior. A segunda é que esse próprio fato é surpreendente, dadas as condições de vida que uma grande maioria da população tem que enfrentar para nascer, para sobreviver nos primeiros anos de vida, e sobretudo para chegar a uma idade mais avançada, apesar de tantas provações e privações. Como procuramos demonstrar, um envelhecimento bem sucedido não depende apenas das políticas públicas de saúde. Mas com certeza é nessa direção que se deve investir com maior insistência, para que o poder público ofereça melhor estrutura, melhor atendimento, e colabore eficazmente para a derrubada de todo tipo de preconceitos. Entretanto, só isso não basta. O que está ocorrendo no Brasil é um verdadeiro desperdício, no sentido de a força da experiência das pessoas de mais idade não ser devidamente canalizada para a construção de uma sociedade mais humana para todos. Os mais jovens podem adquirir um saber internetizado, mas a sabedoria pressupõe arranjos afetivos e cognitivos que resultam de uma história local e um coração particular. Essa sabedoria de vida é mais facilmente encontrada em pessoas que envelhecem com qualidade de vida ( Agostinho Both, Gerontologia, educação e longevidade, Editora Imperial, Passo Fundo,2001, 38). Há muitas pessoas que apresentam uma vida longeva e saudável e que podem contribuir de múltiplas formas e em múltiplas direções, beneficiando os outros, e com isso a si próprias. Uma nação que despreza essa força intelectual, moral e espiritual, nunca será uma nação forte e bem estruturada.

Por outro lado, por mais que se insista no papel do poder público, não se pode negligenciar o ângulo da educação, seja das próprias pessoas de idade, seja dos seus familiares, seja de toda a sociedade. No que se refere à própria pessoa como pessoa, ela precisa ser educada desde cedo para não deixar a velhice acontecer, mas prepará-la com todo o carinho, como se preparou para as outras fases da vida. Ainda no que se refere às pessoas como pessoas, elas devem ser educadas para não aceitar a invasão de sua privacidade e dos limites dos seus direitos inalienáveis. Ou seja: elas têm que aprender a superar todas as barreiras de caráter discriminatório. E para tanto não podem contar apenas consigo própria, mas como qualquer categoria social, têm que lutar para conseguir uma organização capaz de os  direitos que cabem a todos os idosos. Eles nem sempre apresentam necessidades especiais, mas sempre apresentam necessidades específicas.

Por fim, fica cada vez mais claro que, em grande parte, somos aquilo que imaginamos ser. Quem se imagina inútil, será inútil. Quem, no entanto, busca por todas formas preencher o vazio existencial com sempre novas atividades e sempre novos projetos a curto, médio e longo prazo, não tem o que temer na velhice. Ainda que tenha de conviver com certos limites, sempre sobrará muito espaço para uma série de atividades, de ordem física, psíquico-afetiva e espiritual. Em suma, o envelhecimento bem sucedido é uma arte, que pode ser resumida em algumas expressões, como: viver intensamente todas as idades; cultivar todos os talentos; saber articular limites com a certeza de que sempre se pode dar mais um passo adiante. O envelhecimento bem sucedido é aquele das pessoas que sabem colher flores mesmo entre espinhos. Todas as etapas da vida são belas e produtivas para quem, em vez de entregar os pontos, vai estendendo sempre mais a faixa dos limites que à primeira vista parecem intransponíveis. Pois o ser humano pode muito mais do que imagina, desde que, movido pela auto confiança e a confiança dos seus semelhantes, coloque sua esperança naquele que o enviou a essa terra para cumprir uma missão. E a longevidade com qualidade de vida, com certeza, revela como nenhuma fase anterior, o rosto das pessoas realizadas por terem cumprido sua missão até o fim.

domingo, 2 de junho de 2013

O idoso: características e necessidades.

Há cerca de quatro décadas tem sido observado o aumento da população idosa, atualmente no Brasil, atingimos o número de 13 milhões e meio de pessoas com idade acima de 60 anos. O Brasil tem uma projeção para o ano de 2025 que o número de indivíduos com idade igual ou superior a 60 anos será de 32 milhões. Particularmente a região sudeste do nosso país vem experimentando um processo de envelhecimento bastante acelerado, com um forte aumento no volume e na proporção de pessoas com 60 anos ou mais. Este fato é influenciado não apenas pela redução nos níveis de fecundidade, mas também pelas reduções na mortalidade dos próprios idosos.
O aumento da população idosa se deu e evolui de forma progressiva, de modo que se tornou assunto de discussão nas áreas de saúde e social, em que o envelhecimento da população é reconhecido como um problema previdenciário e de saúde pública.
A adoção de um estilo de vida ativo, expresso pela prática regular de
exercícios físicos, poderia reduzir significativamente o número de mortes causadas por doenças oriundas da insuficiência de atividade física como cardiopatia, câncer de cólon e diabetes, além das mortes
causadas por quedas, comuns entre idosos (McARDLE, 1998).
Existe uma variedade de modos de ser velho e de contextos que o determinam, podendo ser analisados os elementos comuns que propiciam a classificação ou reconhecimento como velhos, que em grande parte aparece como uma visão preconceituosa. Sendo assim, a velhice é muito associada à decadência, e não apenas a desgaste físico, mas também à doença e dependência.
O velho era tido como encargo, dependência, trabalho e amolação, muitos deles em asilos, casas de repouso ou clínicas geriátricas, sem carinho, sem afeto, mesmo tendo filhos, netos ou outros parentes, sendo obrigados há terminarem seus dias sozinhos. A visão preconceituosa sobre envelhecimento decorre da insuficiente informação a respeito do processo de transformação a cada ano de vida, lembrando que as mesmas pessoas que tem preconceito com idosos, poderão ser idosas em um futuro próximo.
O verdadeiro descaso com que a velhice vem sendo tratada pelo poder público, a começar pelo aposentado refletido nos baixos salários pagos pela previdência social. Os recursos de saúde são insuficientes e mal equipados para atender as necessidades dos idosos. Sabemos que as doenças crônicas que afetam as pessoas idosas como diabetes, hipertensão, obesidade, comuns nessa fase da vida, dificilmente serão curadas, mas poderá viver mais 20 ou 30 anos utilizando-se de consultas, medicamentos, exames e possíveis internações e outros serviços que ajudarão a manter sua saúde.
Atualmente cria-se uma consciência nova, de que a pessoa idosa continua a ter valor, até mais em razão da experiência acumulada e, por isso mesmo, devendo ser considerada também como uma construtora da sociedade, atora e não ausente.
Cada vez passamos a conviver com mais idosos ativos em sua vida social; portanto, nada mais justo que tenham energia para desempenho de suas funções na vida diária, com dignidade, respeito, e sociabilidade.
Técnicas modernas de reeducação postural, yoga, alongamentos, respiração, shiatsu, do-in, acupuntura, ginásticas em geral, terapias corporais, dinâmica de grupo, osteopatia, quiroprática, meditação, nutrição suplementar, grupos de apoio, e outras, vêm se somando ao arsenal indispensável, com o objetivo de proporcionar melhor qualidade de vida ao idoso.
Dentre estas técnicas está o trabalho de contra-resistência, mais conhecido como musculação, que vêm ganhando muita popularidade em função de sua aplicabilidade nas situações que o idoso enfrenta na sua vida diária como subir em um ônibus, entrar em automóveis, subir escadas, atravessar ruas, transporte de volumes, vestuário, banho, agachamentos, abrir e fechar janelas, quedas, etc.
HÄKKINEM e KOMI (1981) ainda demonstraram que,
o treinamento de força cria desenvolvimentos específicos na ativação muscular e nas proporções do desenvolvimento de força, o que torna esse tipo de treinamento o mais indicado para a melhoria da capacidade contrátil.
Através do treinamento de força o idoso poderá viver melhor, ter ganhos de força considerável e ajudar na qualidade de vida diária. Já ouvimos muito se dizer que um o idoso depois do 60 anos de idade não tem ganhos de forças significativas, dizem que ao invés de ganharem massa muscular, perdem essa massa assim não recuperando novamente. Como podemos ver em diversos estudos o idoso pode ganhar massa muscular em qualquer idade, fazendo um programa de treinamento de força.
KATCH (1996) destacou que a redução da massa muscular, que ocorre com a perda das proteínas e do número de fibras contráteis, como o principal responsável pela diminuição da força,associada à idade avançada.
No Brasil o treinamento de força é pouco usado pela população idosa, muita gente acha que levantar peso vai levar a uma musculatura muito forte, ter uma aparência de musculoso, mas não é bem assim que funciona, pois o treinamento de força pode ajudar muito um idoso trazendo muitos benefícios para melhorar as suas necessidades no dia a dia fazendo com que ele execute suas atividades diárias com muito mais vigor e saúde.
 
Por esse motivo que incentivo o idoso a prática diária de musculação em sua rotina, para melhoria da qualidade de vida geral.
Renato Mazzetelli
   

ENVELHECER COM DIGNIDADE É UM DOS DIREITOS DOS IDOSOS



Respeito é um direito e dever de todo ser humano, independente de sua idade, sexo, raça, crença religiosa e condição sócio-econômica. Como já ouvi dizer, é respeitando que se é resp
eitado, e acho isto uma grande verdade. Como seres humanos, somos iguais, mas ao mesmo tempo diferentes. Iguais por sermos da mesma espécie, carregarmos constituição genética semelhante, sermos Filhos de um mesmo Pai, como pregam várias religiões. Somos diferentes na personalidade, na aparência física, nos gostos, nas preferências e nas atitudes. O idoso precisam ser respeitado como indivíduos e em suas particularidades. Dedico aqui atenção especial ao idoso, que muitas vezes é vítima de desrespeito, negligência, omissão, ou mesmo violência física e/ou psicológica. Respeitar é aceitar, acolher, amar e querer bem.
Falamos que o idoso precisa envelhecer com dignidade, mas devemos ir além: todos nós precisamos viver e envelhecer com dignidade. Falar em envelhecimento é referir-se aos idosos de hoje e nos colocarmos no lugar de idosos num futuro a curto, médio ou longo prazo. Viver com dignidade é ter sua condição de ser humano respeitada, com qualidade de vida e sem constrangimentos (uso esta palavra num sentido bem amplo, já que muitos ainda enxergam a velhice como caduquice e vergonha em relação ao corpo, à mente e aos pensamentos envelhecidos). Envelhecer com dignidade é ter respeitada a sabedoria que pode ser adquirida com os anos de experiência de vida.
O idoso também precisa ter oportunidades: para viver, amar, ser amado e envelhecer com qualidade de vida, independente de estar passando por um processo de envelhecimento bem sucedido ou patológico. E quem pode oferecer estas oportunidades ao idoso? Todos nós: a sociedade em geral, que respeita e insere o idoso em seu meio, a família que cuida integralmente do idoso e faz esforços por sua qualidade de vida e, principalmente, devemos cobrar das autoridades a concessão destas oportunidades. Para envelhecer bem o idoso precisa de políticas públicas de saúde voltadas para a prevenção, a promoção e a reabilitação da saúde específicas para esta faixa etária; precisa ter segurança, acesso à educação, sempre que desejar. Necessita de uma Previdência que lhe garanta condições para um envelhecimento de qualidade. Enfim, o idoso precisa que lhe concedam uma série de oportunidades que, na realidade, já seriam dele por direito.
Por isto o nosso incessante apelo para cuidar de Idosos para que lutemos pelos direitos dos nossos idosos e pelos nossos próprios direitos daqui a uns anos.

É hediondo e criminoso maltratar idosos



MALTRATO PODE IR DE AGRESSÕES VERBAIS A TORTURA FÍSICA.

Idoso exige atenção, e isso é natural da vida – tão natural quanto o envelhecer.

...
Por quê? Porque o envelhecimento implica em uma série de desafios físicos e sociais que são difíceis de serem superados pelo idoso – ou cuja superação, muitas vezes, é simplesmente impossível, não havendo soluções além da compreensão, aceitação e carinho.

Os problemas de saúde na velhice podem não se restringir apenas ao funcionamento do corpo: pode ocorrer de, com a idade avançada, as funções mentais também começarem a se degradar. Se essa situação acontecer, podem haver casos de demência e perturbações comportamentais. Gritar, ter o sono alterado, dificuldade para pensar e agir e vários outros comportamentos podem ocorrer quando a deterioração das funções mentais atinge um grau mais elevado. Também podem ocorrer doenças como o Alzheimer, um tipo relativamente comum de demência que prejudica a memória, a linguagem e a percepção de orientação – sendo perigoso, por exemplo, o idoso com Alzheimer sair de casa e não conseguir mais voltar, esquecer-se de lugares, pessoas e afazeres e apresentar vários outros sintomas.


Maltrato é crime punível com prisão

Talvez poucas coisas possam ser consideradas mais cruéis do que o maltrato e a indiferença a um idoso. Ignorância, falta de civilidade, falta de educação, crueldade ou comportamentos criminosos podem estar associados ao tratamento ofensivo ou agressivo a pessoas idosas. Pessoas que têm essa conduta devem ser denunciadas às autoridades policiais ou ao Ministério Público: o Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003), lei federal que prevê punições para tais criminosos, define que maltratar pessoas com idade igual ou superior a 60 anos é crime punível com prisão de dois meses a doze anos.

Pessoas idosas muitas vezes demandam sim atenção especial. Mas não é pedir demais que, nos últimos anos de vida daqueles que foram tão importantes para tantas outras pessoas e para a sociedade – e muito provavelmente também a quem muitas vezes faz o maltrato –, o idoso não seja esquecido, abandonado ou maltratado com gestos, falas, agressões físicas ou psicológicas ou qualquer outro tipo de ataque, tortura ou ações.

A forma como alguém trata um idoso diz muito da pessoa ou de uma sociedade. Aqueles que praticam esse repugnante e cruel ato devem ser denunciados e punidos com todo o rigor da lei: o idoso demanda atenção e cuidados não porque quer. Já quem o agride normalmente age deliberadamente, em perfeito juízo e com um poder contra o qual o idoso, muitas vezes já incapaz ou debilitado, sequer tem como se proteger.

A sociedade se mobiliza fortemente contra ataques a cães e animais... Vamos defender também com vontade e determinação todos os idosos?