O diabetes atinge cerca de 9% da população mundial; o tabagismo, 22%; a hipertensão, 28%; e o sedentarismo, mais de 60%, segundo dados da Organização Mundial da Saúde. Esses números colocam o estilo de vida sedentário como o maior de todos os fatores de risco do planeta e o credenciam como o inimigo número 1 da qualidade de vida.
Ao contrário do que se imagina, a maior parte das mortes associadas ao sedentarismo ocorre no Terceiro Mundo. Ou seja, ele não é um fenômeno típico de países desenvolvidos, mas de regiões com populações majoritariamente de média e baixa rendas, como o Brasil. Antes de matar, no entanto, o sedentarismo traz problemas de saúde, como diabetes, colesterol alto, obesidade, infarto, derrame cerebral, câncer, depressão e glaucoma.
O médico especialista em ortopedia, traumatologia e medicina do esporte Victor Matsudo (CRM/SP – 20530) não hesita ao apontar o antídoto para o problema: a prática regular de atividade física em intensidade moderada, ou seja, em um ritmo tal que seja possível manter uma conversa.
“O ideal é fazer 30 minutos de atividade física por dia, cinco dias na semana. Quem não tem a chance de cumprir essa meta pode distribuir esses 150 minutos semanais por dois ou três dias. Da mesma forma, os 30 minutos diários podem ser divididos em blocos de 10 ou 15 minutos ao longo do dia. O resultado é o mesmo”, garante o médico.
Segundo Victor Matsudo, calcula-se que uma pessoa que faça exercícios regularmente dos 30 aos 60 anos terá, em média, três anos de vida a mais do que uma pessoa sedentária. Mas, principalmente, essa pessoa vai ganhar qualidade de vida em todos os anos da sua existência, tomando menos remédios, fazendo menos exames e gerando menos gastos para o Sistema de Saúde. “Mas é preciso encontrar satisfação na atividade física. Esse é o diferencial”, orienta.
Os efeitos no corpo
No que diz respeito à Fisiologia, o sedentarismo faz o corpo ficar mais resistente à insulina, o que, a longo prazo, pode resultar em um quadro de diabetes. Por outro lado, a pessoa que pratica atividades físicas regularmente produz mais receptores de insulina, o que facilita a captação de glicose e diminui o risco de diabetes.
O sedentarismo é um dos responsáveis pelo acúmulo do colesterol ruim (LDL) na parede das artérias, aumentando a pressão arterial e podendo levar a uma angina ou a um infarto. A falta de exercícios também é responsável pela diminuição do depósito de cálcio nos ossos e, posteriormente, a osteoporose, que aumenta o risco de fraturas.
Segundo Victor Matsudo, alguns tipos de câncer também estão associados ao sedentarismo. “Mulheres que praticam atividades físicas têm 50% menos chances de desenvolver câncer de mama, por exemplo. Da mesma forma, pessoas ativas também se mostram mais resistentes ao câncer no intestino, pois têm um peristaltismo intestinal maior e suas contrações são melhores, o que ajuda a remover melhor o bolo intestinal, reduzindo as chances de desenvolvimento do tumor”, explica o médico.
Para ajudar a reduzir o sedentarismo no Estado de São Paulo, Victor Matsudo coordena o projeto Agita São Paulo, uma parceria da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo e do Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul (Celafiscs).
De acordo com o médico, o combate ao sedentarismo poderia controlar nada menos do que 70% das enfermidades que acometem os brasileiros. Com atitudes simples, como caminhar 10 minutos até o ponto de ônibus na ida ao trabalho e outros 10 na volta, ou passear com o cachorro, já é possível melhorar o condicionamento físico.
Vale levar o cachorro para passear, subir uma escada, cuidar do jardim, lavar as janelas ou varrer o quintal. Não são necessárias duas horas de academia por dia, mas apenas 30 minutos, cinco dias na semana, de qualquer atividade moderada. São pequenas iniciativas, no dia a dia, consistentes e conscientes”, ressalta.
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